José dos Reis Barbosa dos Santos nasceu em 26 de julho de 1912 na cidade de Brasília de Minas, no estado de Minas Gerais, na localidade de Riachão, no Vale do São Francisco, e faleceu em Montes Claros/MG no dia 13 de setembro de 1998.
E quando Zé Coco estava nascendo, passava por perto uma Folia-de-Reis e o menino foi consagrado por sua mãe aos Santos Reis, por isso José dos Reis foi o seu nome registrado no cartório.
Além de compositor, foi também fabricante e tocador de rabeca (espécie de violino caipira), viola, violão e cavaquinho. Zé Coco foi também marceneiro, carpinteiro, ferreiro, sapateiro e fazedor de cancelas, carro de boi, roda de rolar mandioca, etc.
Aprendeu a tocar viola com seu pai, que também construía o tradicional instrumento musical. Até que num belo dia, seu pai havia construído e encordoado uma nova viola, e, quando saiu para guardar as ferramentas, Zé Coco pegou e tocou o instrumento...
E foi então que seu pai pediu para que ele tocasse novamente e... acabou dando a nova viola de presente para Zé Coco do Riachão.
Zé Coco acabou assumindo a pequena fábrica de instrumentos musicais de seu pai com 20 anos de idade.
Não sabendo ler nem escrever, adquiriu sua habilidade do próprio convívio com os instrumentos musicais, sem nenhum estudo formal. Apesar disso, ele compôs em diversos estilos (dentre eles, lundus, mazurcas, dobrados, guaianos, corta-jacas, calangos, maxixes) com talento genuíno e apurada sensibilidade. Segundo ele, a única ajuda recebida foi através de uma simpatia tradicional entre os violeiros do Vale do São Francisco: pegar uma cobra e passar entre os dedos. O resultado é a facilidade que o violeiro terá em tocar seu instrumento.
Não teve nenhum professor, mas Zé Coco do Riachão ensinou muita gente a tocar viola! E deixou discípulos em diversos cantos do Brasil, principalmente em Minas Gerais, bem como nos estados de São Paulo e Goiás. Dentre seus discípulos, podemos citar Marimbondo Chapéu, Sinval de Gameleira, Paulo Freire, Roberto Corrêa e Chico Lobo.
Zé Coco viveu até seus 68 anos como luthier, praticamente no anonimato, construindo e consertando instrumentos musicais e também animando bailes na região. Também compunha, mas muitas das suas composições acabaram se perdendo por falta de registro.
Expressou também a possibilidade da união do Erudito com o Popular sem que nenhum dos estilos fosse descaracterizado.
Zé Coco do Riachão foi descoberto quando já tinha quase 70 anos de idade, por Téo Azevedo, repentista e pesquisador de Cultura Popular e que foi também quem lhe deu o apelido "Riachão"! E Zé Coco gravou três discos: "Brasil Puro" (Rodeio/WEA em 1980), "Zé Côco do Riachão" (Rodeio/WEA em 1981), e "Vôo das Garças" (Rima em 1987).
Fora do Brasil, Zé Coco do Riachão também tem seu valor musical reconhecido como por exemplo uma equipe de reportagem da TV Alemã que o considerou como sendo o "Beethoven do Sertão" (a partir de um filme com Téo Azevedo sobre Cantigas de Vaqueiro, produzido por Dr. Ralf do 1º Canal de Baden-Baden). Há quem diga também que Zé Coco está para os Violeiros assim como Jimmy Hendrix está para os guitarristas!
Texto: Sandra Cristina Peripato |