Antônio Boaventura de Oliveira (Torrinha), nasceu em Boa Esperança do Sul, no interior do estado de São Paulo, em 1922 e faleceu em Diadema/SP, em 1988. Carlos Paviani (Canhotinho), nasceu em Santa Adélia, também no interior do estado de São Paulo, em 1928.
Em 1945, Antônio Boaventura se mudou para a capital paulista onde, em 1950, passou a fazer parte do trio "Os Bandeirantes B9", com Pinheirinho e Hamilton. O trio realizou algumas gravações entre 1953 e 1955, como "O Anjo do Senhor", "Veneração", "Mula Faxina", "Formação do Mundo", "Boiadeiro Viajadô", "Lamentos de um Gaúcho", "Tapera da Morte", "Eu Tenho Tudo", "Triste Abandonado" e "Fazendo Comparação".
Carlos Paviani, por outro lado, iniciou sua carreira como acordeonista em 1946, na região de São José do Rio Preto/SP. Pouco tempo depois, trabalhou com o Trio Paulistano e, em 1950, acompanhou os Irmãos Vieira (Vieira e Vieirinha). Canhotinho também atuou por 4 meses numa emissora de rádio na cidade de Garça/SP, tendo retornado à capital paulista, em 1951, quando o trio foi desfeito.
Canhotinho foi convidado para acompanhar a dupla Cascatinha e Inhana, de início como sanfoneiro substituto e, logo depois, como sanfoneiro fixo. Durante três anos acompanhou o casal em seus shows e gravações.
A década de 50 foi próspera para a música sertaneja, com o crescente sucesso de duplas famosas, como Cascatinha e Inhana e Tonico e Tinoco, enquanto Inezita Barroso já levava a platéia ao êxtase e tinha como fã Juscelino Kubitschek de Oliveira, Governador de Minas Gerais e, mais tarde, Presidente da República do Brasil e que também foi um grande incentivador de inúmeros intérpretes da música brasileira.
Em 1954, Torrinha e Canhotinho se conheceram na Rádio Record de São Paulo, e formaram dupla. Canhotinho havia sido contratado pela Record para substituir Pinheirinho, que havia saído da emissora e deixado o cantor Torrinha sem acompanhante.
Torrinha e Canhotinho gravaram pela RCA Víctor em 1957 o primeiro disco 78 rpm, com "Jornada de São Gonçalo" e "Divino Espírito Santo", e que foi o maior sucesso da dupla e lhes deu o Troféu Roquete Pinto em 1958 e também o Prêmio Chico Viola em 1959.
Torrinha e Canhotinho deram destaque no seu repertório à Congada e à Folia-de-Reis, festejos religiosos típicos das regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil. A idéia, por sinal, havia partido do cantor, compositor e produtor sertanejo Palmeira, que havia encomendado pesquisa sobre a música folclórica do Centro-Sul a Thalma de Oliveira, que era produtor da TV Record de São Paulo, além de ter encomendado ao Torrinha que escrevesse letras de músicas baseadas em tal pesquisa.
Torrinha e Canhotinho mantiveram a dupla até 1960. A discografia consiste em apenas 7 discos 78 rpm, gravados na RCA Víctor.
Torrinha continuou com a carreira artística e apresentou durante 15 anos o programa "Terra Brasileira", além de ter também atuado em diversas outras duplas e trios e realizado algumas gravações na Continental na década de 70.
Canhotinho também seguiu sua carreira artística compondo e gravando solos de acordeon.
Cuidou durante 12 anos do Departamento Sertanejo da Ordem dos Músicos, coordenou diversos festivais, além de ter sido jurado em programas de TV. Foi também responsável pelo lançamento de diversas duplas, como "Matogrosso e Mathias" e "Milionário e José Rico".
Após algum tempo, Canhotinho passou a residir em São José do Rio Preto, onde fez apresentações em alguns shows e bailes com Cascatinha, (que já havia ficado viúvo de sua esposa Inhana).
Texto: Sandra Cristina Peripato |