Roberto Nunes Corrêa nasceu em Campina Verde, no Triângulo Mineiro em 11 de março de 1957. Filho do fazendeiro Avaí Dameão Corrêa e Eleusa Nunes Corrêa, funcionária da Coletoria do Estado de Minas Gerais. Formado em Física, trocou a carreira acadêmica pela profissão de músico violeiro. Em 1975 mudou-se para Brasília, no Distrito Federal.
Bastante curiosa foi também a transição de Roberto Corrêa entre e Física e a Viola: Roberto havia proposto uma pesquisa sobre a viola caipira para o Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq). Segundo Roberto, que estava se formando em Física, imaginaram que era uma pesquisa sobre acústica, tendo a viola como ponto de partida. De fato o CNPq concedeu a bolsa e Roberto Corrêa aprofundou a pesquisa.
Foi quando o som da viola entrou em sua cabeça, que passou a dominar a técnica e a desenvolver-se como instrumentista. Concluindo, porém, o curso de Física, precisou largar a viola para estudar o Bacharelado. Foi descansar uns dias em Campina Verde, sua cidade natal. Diploma no bolso, sentou-se na praça da cidade, sozinho com a viola. E compôs ali mesmo a primeira música de sua vida - e decidiu naquele momento que seria violeiro.
Fascinado pelo instrumento, resolveu explorar seus mistérios. Em Brasília, Roberto se formou em Música pela Universidade de Brasília. Passou então a lecionar na Escola de Música de Brasília, numa iniciativa pioneira do Ensino de Viola em Escola Oficial.
Solista de viola, compositor e pesquisador, Roberto Corrêa tornou-se uma referência nacional e internacional do gênero. Sua trajetória foi fundamental para que a viola adquirisse o status de instrumento solista. Roberto Corrêa não é somente um grande instrumentista. Suas composições e interpretações têm levado a música do sertão aos palcos do mundo inteiro.
Foi em 1983 que Roberto Corrêa começou a divulgar seu trabalho com a viola caipira e também com a viola de cocho, a qual é confeccionada num tronco de madeira inteiriço e escavado na parte correspondente à caixa de ressonância, e que, por sua vez, é típica do Mato Grosso.
Além de suas composições e interpretações com notável virtuosismo, sua obra também é composta de pesquisas sobre as tradições musicais do Brasil interiorano, além da publicação de diversos trabalhos, incluindo o primeiro livro de viola editado no nosso país; podemos encontrar, uma boa quantidade de CD's de Roberto Corrêa com interpretações solistas e também parcerias com importantes nomes da música brasileira, como Inezita Barroso.
Viola, viola de pinho, viola caipira, viola sertaneja, viola de arame, viola nordestina, viola cabocla, viola cantadeira, viola de dez cordas, viola chorosa, viola de Queluz, viola serena, viola brasileira, viola de Buriti, viola de cocho, viola de cabaça, viola de bambu, derivadas, das violas portuguesas de São Gonçalo do Amarante, além das violas campaniças, beiroas, braguesas, modificadas pelos índios e pelos africanos no Brasil, conforme o estágio de desenvolvimento das regiões onde chegaram as violas originais, e também conforme o tipo de madeira disponível nas regiões. Sem dúvida, um universo. E sobre esse universo, Roberto Corrêa se dedicou a escrever o primeiro grande tratado genérico sobre a viola, um verdadeiro livro da História Violeira e também um método para o aprendizado do tradicional instrumento em seus diversos usos, formatos, afinações regionais. Tudo isso e mais ainda as lendas e os causos de grandes violeiros de diversos lugares.
De sua obstinação veio o reconhecimento e, com ele, pode inclusive apresentar seu trabalho, não só no Brasil, mas também em países como Japão, China e Alemanha, além de convites que já recebeu para representar oficialmente o governo brasileiro na Itália, Portugal, México, além da América do Sul e América Central. Suas composições e interpretações realmente ajudam o Brasil a levar a música do sertão para os palcos do mundo inteiro.
O compromisso de Roberto Corrêa com a nossa cultura interiorana e com a viola brasileira, certamente transmite, a todos, o mistério e a tradição do Brasil Central e sua música, inovadora e original e é, por fim, a própria alma do sertão brasileiro.
Site Oficial: www.robertocorrea.com.br
Texto: Sandra Cristina Peripato
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