José Rodrigues Pereira nasceu no distrito de São Julião em Teófilo Otoni, no estado de Minas Gerais, no Vale do Mucuri, nordeste mineiro, sendo de família descendente de índios nativos brasileiros. Também morou algum tempo na cidade de São Mateus, no norte do Espírito Santo.
Seu pai era lavrador e teve outros 13 filhos. Pereira da Viola também trabalhou na lavoura, assim como os pais. E sua mãe cantava antigas cantigas da roça e Pereira também ouvia Folias-de-Reis na região, o que lhe despertou o interesse musical.
Aprendeu a tocar viola sozinho. Com dificuldades para freqüentar uma escola, acompanhou os movimentos culturais da região e também procurou seguir os passos de Miltinho Edilberto.
Pereira da Viola iniciou sua carreira artística, nos anos 80. E em seu repertório constam diversos rítmos característicos do folclore brasileiro, tais como calangos, forrós, catiras, frevos, maracatus, toadas e folias.
Pereira também possui outras habilidades, incursionando inclusive na música erudita dos grandes mestres. Arranjou para viola caipira o famoso "Bolero", de Ravel, e também a "Habanera", da Ópera "Carmen", de Bizet. E, no CD "Viola Ética", podemos também ouvir um arranjo para Solo de Viola feito por ele para o Hino Nacional Brasileiro.
Mas foi somente em 1993 que Pereira gravou seu primeiro disco "Terra Boa", destacando as músicas "Menina Flor", "Bicho Calango", "Véio Caipira", "Nas Veias da Viola", e "Terra Boa".
Em 1996, lançou seu segundo disco, "Tawaraná", onde se destacam diversas composições de sua autoria, como "Fantasia Rabisal", "Saudade da Terra Boa", "Estrada de Ferro Bahia-Minas", "Tear", "Viola Menina", "Misturas e Mistérios", e "Tawaraná".
Em 1997, convidado pela escritora e ensaísta Lélia Coelho Frota, apresentou-se no Rio de Janeiro, ao lado da cantora Titane, quando foi apreciado em noite única, na Urca, por muitos críticos cariocas, como Ary Vasconcelos, Ilmar de Carvalho e Ricardo Cravo Albin, em casa do qual fez a exibição.
Em 1998, lançou "Viola Cósmica", considerado por muitos como sendo seu melhor disco, no qual se destacam "Eu Tenho Saudade" (que ele interpreta juntamente com a mãe), a moda de viola "Princesinha", "Viola Cósmica", "Boi Graúna", "Prucutundá" e "Boi Encantado".
No mesmo ano de 1998, Pereira da Viola participou do show e da gravação do CD "Violeiros do Brasil", da gravadora Núcleo Contemporâneo, gravado ao vivo no Teatro SESC-Pompéia em São Paulo/SP, em agosto de 1997, junto com os 12 violeiros mais importantes do país, como Almir Sater, Roberto Corrêa, Paulo Freire, Renato Andrade, Passoca, Zé Coco do Riachão e também Zé Mulato e Cassiano. No respectivo CD, Pereira participa interpretando o pout-pourri contendo as músicas "Embolada de Caboclo" e "Sinhá Maria".
Ainda no mesmo ano de 1998, Pereira da Viola também participou da gravação do CD "Feito na Roça", o qual conta também com a participação especial de grandes nomes da música caipira, como Inezita Barroso, Zé Mulato e Cassiano e Paulo Freire, além da participação da Orquestra de Viola Caipira sob a regência de Braz da Viola.
A idéia deste CD, como Braz da Viola menciona no encarte, foi a gravação da Viola Caipira em seu ambiente natural. Foram três dias em contato com a natureza (24, 25 e 26/04/1998) no Sítio Santa Tereza na Serra da Mantiqueira em São José dos Campos/SP. E o trabalho foi gravado ao ar livre. Pereira da Viola participou interpretando "Encontro de Bandeiras", juntamente com Inezita Barroso e Zé Mulato e Cassiano, e "Trem da Estrada".
E depois de enorme prestígio conquistado pelo CD "Viola Cósmica", Pereira da Viola gravou o CD "Viola Ética", o qual conta também com a participação especial de Inezita Barroso, Paulo Freire e Braz da Viola, entre outros.
Em 2003, Pereira promoveu o I Encontro Nacional de Violeiros, em Ribeirão Preto/SP. O evento recebeu 10 mil pessoas e resultou na criação da Associação Nacional dos Violeiros (ANVB), entidade que busca valorizar a cultura caipira e lutar por melhores condições de trabalho para a categoria. Pereira foi escolhido presidente da Associação, cargo que ocupou até abril de 2010. Em 2004, 2005, 2006 e 2008 a ANVB manteve-se parceira na realização do Encontro Nacional de Violeiros em Ribeirão Preto/SP. Em 2008 através ANVB promoveu o I Seminário Nacional de Viola Caipira, reunindo as principais figuras de todo país ligadas a este instrumento. Em 2005, Pereira partiu para uma turnê pela Venezuela, onde representou o Brasil no Festival da Canção Necessária, sendo agraciado pelo público e pela mídia venezuelana. Em 2006 participou do “CinePort”, festival de cinema dos países lusófonos, e do Festival “Rotas”, ambos realizados em Portugal, nas cidades de Lagos e Lisboa.
Em 2007 lançou o seu quinto álbum, "Akpalô" que, em nagô, significa “contador de histórias, aquele que guarda e transmite a memória do seu povo”. Sem dúvida, o nome retrata com maestria a influência da cultura do Vale do Mucuri na trajetória e no trabalho do artista, bem como sua importância como porta-voz da região. Ainda em 2008 gravou o DVD/LIVRO “Violeiros do Brasil”, projeto coletivo produzido pela produtora Myriam Taubkin, e tem como elenco, além de Pereira da Viola, Almir Sater, Pena Branca, Roberto Correia, Braz da Viola, Paulo Freire, Passoca, Ivan Vilela, Tavinho Moura, Zé Mulato e Cassiano.
Em 2009 lançou o DVD/LIVRO “Violeiros do Brasil” em São Paulo, Belo Horizonte, Foz do Iguaçu e em Londres. Participou, ainda, da produção e lançamento do “CD Viva Viola” em Belo Horizonte e Juiz de Fora. O “Viva Viola - 60 Cordas em Movimento” é um espetáculo coletivo criado em 2008 envolvendo os violeiros cantadores mineiros: Bilora, Chico Lobo, Gustavo Guimarães, Joaci Ornelas, Pereira da Viola e Wilson Dias.
Contato Para Shows:
Fones: (31) 3482-6674 - (31) 9954-6721
E-mail: pviola@bol.com.br
Texto: Sandra Cristina Peripato
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