Paulo Sérgio de Macedo, nasceu em Alegre, no estado do Espírito Santo, em 10 de março de 1944, e faleceu aos 36 anos em São Paulo/SP, em 29 de julho de 1980, vítima de derrame cerebral.
Foi o primeiro filho de 7 irmãos do alfaiate Carlos Beath de Macedo e de Hilda Paula de Macedo. Paulo Sérgio, aos seis anos de idade, quando em sua cidade natal, apareciam circos com as caravanas de artistas de emissoras de rádio do Rio de Janeiro, participava, ao fim do espetáculo em um mini-concurso de calouros. Foi escolhido o melhor dentre vários concorrentes, passando a ser requisitado como atração especial em quase todas as festinhas da pequena cidade de Alegre, município de Anutiba.
Aos 13 anos ele fez um bico de ajudante e repositor em um empório de "secos e molhados" na cidade, e recebeu do dono do mercadinho, como gratificação, um violao velho, sem acordoamento e foi para casa radiante e extremamente feliz! Mas... seu pai ao ver ele chegar, ficou furioso e lhe deu uma surra além de quebrar o tal violão, dizendo que: "ser violeiro e cantor" , era costume de "bêbado, desocupado e vagabundo", e que se ele quisesse ser cantor, que fosse embora daquela casa!
Paulo Sérgio que já adorava cantar, ficou arrasado, e jamais esqueceu esta cena... Foi um trauma em toda sua vida! Muito triste e vendo que junto a seus pais, jamais poderia sequer cantar dentro de casa, resolveu fugir de sua cidade e de seus pais. Antes, pegou um envelope de uma carta que sua avó, mãe de seu pai, havia enviado há tempos atrás, com o endereço no remetente na cidade do Rio de Janeiro. Colocou no bolso o envelope e foi para a estrada, com a roupa do corpo, pedir carona, indo para o Rio de Janeiro, em cima da carroceria de um caminhão. Ficou uns dias e noites pelas ruas sendo flanelinha de carros até ganhar um dinheirinho e poder chegar à casa de sua avó, que logo escreveu então aos pais dele avisando que ele estava com ela no Rio de Janeiro. Seus pais mudaram para o Rio só em fim dos anos 59. A trajetória do menino Paulo sempre foi bem difícil, porque os pais que tiveram mais 6 filhos, "o usavam" demais para lavar fraldas, dar mamadeira, fazer comida, limpar casa, e ele detestava estas funções. Como seu pai era alfaiate, ele foi se ajeitando como auxiliar nas costuras e aprendeu o ofício de alfaiate rapidamente. Quando terminou o ginásio, aos 15 anos, brigou feio novamente com seus pais porque seu sonho era realmente ser cantor e tocar violão", e seus pais eram completamente contra! Estava cansado de ser empregado, escravo e babá dos irmãos e de bater de frente com pai e mãe, no assunto música! Saiu de casa e foi morar com seu tio Derly, irmão de seu pai, recém-casado com sua tia Edmeia (este casal ele amou a vida toda e os considerou como verdadeiros pais). Seu tio Derly amava música, era um excelente cantor e excelente alfaiate. Na companhia deles com apoio, amor e respeito, Paulo passou a ajudar o tio nas horas vagas na alfaiataria e a trabalhar com carteira assinada na loja de discos de nome "Rei da Voz", na Praça Sans Pena, ao lado da alfaiataria de seu tio. Comprou seu violão e junto com seu tio faziam serestas adoráveis! Tocava bem violão, e começou compor suas composições.
Os anos 60 a juventude explodia nos bailinhos e nas rádios e Paulo Sérgio fez seu batismo no Programa "Hoje é Dia de Rock", comandado por Jair de Taumaturgo, o mais badalado entre os programas jovens do Rio de Janeiro. Posteriormente, passaria ainda por muitos outros programas de calouros, como o "Clube do Rock", do Rossini Pinto, onde muitos outros ídolos que iriam formar o pessoal da Jovem Guarda se apresentaram. Em 1966, no filme "Na Onda do Iê-iê-iê", Paulo Sérgio aparece como calouro do Chacrinha, cantando a canção "Sentimental Demais" de Altemar Dutra, onde ele ganhou como calouro na "Discoteca do Chacrinha" do Rio de Janeiro. O Chacrinha o trouxe para São Paulo para concorrer com mais calouros e ele também ganhou como calouro na "Discoteca do Chacrinha" em São Paulo. Então, por vencer estas duas discotecas do Chacrinha, ele foi procurado por um homem que era dono de lojas de discos no Rio, era Renato Gaetani. Propôs e financiou ao Paulo uma gravação de um compacto simples, com a etiqueta "MPGAETANI". O estúdio era alugado do Rossini Pinto, que só autorizou fazer a gravação da canção "Benzinho" (versão de Maurileno Rodrigues; "Dear Someone") se no outro lado do compacto simples, fosse colocada uma música de autoria dele, e aí, mesmo a contra-gosto de ambos (Paulo Sérgio e Renato) foi feito este acerto e o lado oposto foi gravada a música "Lagartinha" (que o Paulo sempre detestou). E vejam... o tal compacto simples, simplesmente estourou! Bateu records de vendagens, e nas paradas de sucesso! Paulo Sérgio entusiasmado com o sucesso, usou o dinheiro que ganhou com estas vendagens, pois teve bastante lucro, e, fundou a gravadora de nome "Caravelle". Foi o primeiro cantor a fundar uma gravadora! Assim foram gravados mais compactos simples e duplos, além de LPs que foi o grande início de sua carreira. Nesta gravadora, ele lançou e trouxe outros cantores, como Elizabeth, Arthurzinho, Toni Damito e outros mais. Paulo sempre disse em toda sua carreira que as maiores oportunidades no início de sua carreira foram inesquecíveis e dadas pelo grande amigo Haroldo de Andrade, no programa "Haroldo de Andrade" na TV Excelsior. Seus maiores sucessos aconteciam naquele programa de auditório, que vinha totalmente abaixo ao ouvi-lo cantar!
Em 1968, estourou seu primeiro LP, pela Caravelle, denominado "Paulo Sérgio - Volume 01", estourou as 12 faixas e foi alavancado pelo grande sucesso "Última Canção". Já ao ser lançado, foi uma venda de mais de 300.000 mil cópias. As 12 músicas do LP foram sucesso. Acontecimento inédito no meio artístico.
Pelo sucesso inicial surgiam propostas para que Paulo Sérgio ingressasse em outras gravadoras. Em 1972, foi que ele assinou um vultoso contrato com a gravadora Beverly, que depois englobou a gravadora Copacabana, o qual, em razão das cifras envolvidas, foi considerado o maior contrato e acontecimento artístico daquele ano. Pelo selo Beverly, Paulo Sérgio lançaria ao todo oito álbuns. Pela Copacabana os restantes (total de 14), fora os LPs "Seleção de Ouro".
No dia 04 de março de 1972, Paulo Sérgio contraiu matrimônio com Raquel Teles Eugênio de Macedo. Paulo Sérgio sempre manteve residência no Rio de Janeiro, e em São Paulo, simultaneamente. Em São Paulo eram onde surgiam as maiores propostas de shows e onde ele obteve uma enorme popularidade, atingindo o Brasil todo. Montou sua equipe com 2 ônibus, trailer, aparelhagem de som, músicos, seguranças e partiu também para excursões por todos estados brasileiros. Foi contratado exclusivamente pelo SBT, por 6 anos consecutivos em estar presente aos domingos no programa ao vivo "Os Galãs Cantam e Dançam". Detalhe importante: NUNCA EM SUA EQUIPE DE TRABALHO, HOUVERAM BAILARINAS OU ALGUÉM DO SEXO FEMININO. SUA EQUIPE SEMPRE FOI FORMADA SENDO TODOS DO SEXO MASCULINO, e sua esposa Raquel, que logo que se casaram, mesmo ela sendo industrial, passou a conciliar sua empresa e como empresária, a agenda e equipe de shows de seu marido, até o fim de sua vida".
Em 23 de maio de 1974, nascia Rodrigo, que mais tarde usaria artísticamente o cognome de Paulo Sérgio Jr.
No dia 27 de julho de 1980, um domingo, Paulo Sérgio fez sua última apresentação na TV. Esta ocorreu no programa do apresentador Édson Cury (Bolinha), da Rede Bandeirantes de Televisão, onde cantou duas músicas do seu último trabalho fonográfico: "O que Mais Você Quer de Mim" e "Coroação". Depois seguiu para duas apresentações na Grande São Paulo, sendo a primeira no Grajaú, e depois partiu para Itapecerica da Serra. Mas lá só conseguiu cantar quatro músicas, pois se sentiu mal durante sua apresentação. Foi levado imediatamente para o Hospital Piratininga, e de lá o enviaram para o Hospital São Paulo (estava acompanhado de sua mulher e de dois divulgadores da gravadora: Clayton e Ailton). Quando chegou ao mesmo, já estava em coma, pois tivera um derrame cerebral, e foi internado na Unidade de Terapia Intensiva. Tudo foi feito pela gravadora para que ele até fosse enviado de jatinho UTI aos Estados Unidos, mas infelizmente às 20h30 de 29 de julho de 1980, Paulo Sérgio faleceu.
Em seus 13 anos de carreira, Paulo Sérgio não teve fase de decadência. Estourou já no primeiro disco, gravado em maio de 1968, que atingiu a marca de 300 mil cópias iniciais vendidas, vindo mais tarde a um milhão de cópias, trazendo seu troféu de disco de ouro. Várias faixas do disco entraram rapidamente nas paradas de sucesso nacional: "No Dia em que Parti", "Sorri Meu Bem", "Se Você Voltar", "Amor Tem que Ser Amor", etc... São muitos os sucessos, principalmente seu marco histórico, a balada "Última Canção".
Paulo Sérgio lançou 14 discos, nos quais foram discos de ouro, (representando um milhão de cópias vendidas), em seus primeiros 8 LPs lançados. Foram milhões de discos vendidos, entre LPs e compactos e coletâneas.
No final dos anos 1980, uma nova tecnologia permitiu juntar as vozes de Paulo Sérgio e de seu filho, então com 12 anos. A canção escolhida foi "Quero Ver Você Feliz", música que Paulo gravou em 1975 em homenagem ao nascimento do filho. (Primeiro ele fez uma música para sua esposa, pedindo um filho, a música se chama "Falta Alguém em Nossa Vida"). Na nova versão, lançada em 1987, lançada pelo programa Fantástico, o filho responde ao pai com novos emocionantes versos. Paulo Sérgio Jr também gravou a musica "A Primeira Canção" e a música "Mágico do Amor". Quando Paulo Sérgio faleceu, ele e sua esposa passavam por uma fase de dias e noites tumultuadas e preocupantes, com a saúde do Rodrigo (tinha 6 anos) que se agravava de forma galopante. A criança apresentava sérios problemas neurológicos, que só foram detectados no mês seguinte ao falecimento do Paulo Sérgio, através de um exame de ressonância magnética que só existia no Hospital Albert Einstein. Foi detectada a doença de nome "esclerose múltipla", que é progressiva, incapacitante, degenerativa e incurável. Até os 38 anos ele viveu sempre acompanhado de grandes médicos e inúmeras medicações. Dos 38 aos 42 (quando ele faleceu em 26/11/2016) foram anos dificílimos e sofríveis ao extremo. Ele foi um herói desta doença! A enfrentou com paciência, aceitação e bastante fé.
Texto: Raquel Teles Eugênio de Macedo
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