Jandira Rosa Pereira (Jandira) nasceu em Aroeira, no estado do Mato Grosso do Sul, em 25 de março de 1935.
Ciriaco Benites (Benites) nasceu na Fazenda Santa Rosa, no município de Itaquiraí, no estado do Mato Grosso do Sul, em 16 de março de 1943.
Legítimos representantes da música de fronteira, Benites filho de pai brasileiro e mãe paraguaia, e Jandira de pai paraguaio e mãe brasileira, sempre homenagearam e cantaram Mato Grosso do Sul.
Cresceram com a arte na alma, o que os direcionou a viver intensamente da música e para a música.
Jandira e Benites, inauguraram a época da música ao vivo nos restaurantes, em Campo Grande, cantando na churrascaria Braseiro. Em todas as casas que se apresentaram: Vitório’s e Ponteio, entre outras, ganharam prestígio com a participação da dupla.
Mais tarde, inauguraram o restaurante La Carreta, que abriu portas para artistas latinos americanos e sul-mato-grossenses.
Criaram o espaço cultural Sol da América inspirados na ligação espiritual com o povo Inca, do Peru. Benites prosseguiu com a vida artística apresentando-se em vários locais e nos finais de semana se apresentava no Argüille Bar.
Excursionaram pelo Brasil e países da Bacia Platina num trabalho de integração da arte, levando nossa música por onde passavam.
Ciriaco Benites (Benites ou Neno) foi criado em Ponta Porã e desde cedo sentiu a música, pois seu pai tocava violão, bandolim e cantava.
Aos oito anos, ganhou do seu tio uma gaita de boca da marca Vendedora e aos 14 já era saxofonista.
Seu pai foi convocado a combater na Itália, na segunda Guerra Mundial. Não concordando em ir para a guerra foi considerado desertor. Em 1945, foram todos a pé da fazenda até a fronteira de Ponta Porã, onde ele registrou os filhos. Cresceram em Pedro Juan Caballero.
Depois dos 15 anos, seu tio queria que fosse estudar em São Paulo, mas já estava de cabeça virada para o mundo da música. Logo que chegaram seu pai foi embora para Amambaí e sua mãe resolveu distribuir os filhos para os irmãos. Criado por seu tio Luís Meireles cresceu com a musicalidade na alma, só queria viver de música e para a música.
Tocava com dois guris violeiros. Faziam os bailezinhos nas casas, e a meninada dançava. Levavam muito a sério a música apesar de serem crianças. Sentiam
cada vez mais a necessidade de manifestar o sentimento artístico. Aos 18 anos já era saxofonista e integrava um grupo com piston, bateria, contrabaixo.
Tocavam no recém inaugurado Tênis Clube de Ponta Porã. Nessa época começava a ter noção maior do que é um grupo musical, do entrosamento necessário entre os artistas e do crescimento que isso proporcionava.
Quando chegou o tempo do serviço militar, conseguiu que o comandante do regimento de Cavalaria o enviasse para servir em Campo Grande, sonhando com o dia de conhecer a cidade.
Chegou à Campo Grande, acompanhado do amigo Clarito que lhe deu assistência e o levou ao quartel general. Serviu na 14° Companhia da saúde e um ano depois deu baixa. Cantava muito na noite e era conhecido por ali.
Fez amizade com os oficiais solteiros, que os apresentava às pessoas e o levava para fazer serenatas com um acordeonista que o acompanhava.
Retornou à Ponta Porã, formou um grupo de músicos e voltou a tocar saxofone com artistas de Assunção, que dominavam instrumentos de sopro e teclado. Gostaram do seu som e o convidou para excursionar com eles em Campo Grande.
O projeto era ganhar dinheiro para ir trabalhar no Rio de Janeiro ou em São Paulo e depois pegar um navio para ir para a Europa. Eles acabaram indo e Benites ficou, conquistado por Jandira com quem formou a dupla.
Jandira nasceu em Aroeira, perto de Rio Brilhante, no estado de Mato Grosso do Sul.
Sua mãe Deolinda Rosa Sandim, veio de Mariana, Minas Gerais, e o pai Salustiano paraguaio. Quando eles estavam chegando a Aroeira, a mãe de Jandira deu à luz na carreta.
Desceu com a filha nos braços e sem a oportunidade de ter assistência médica veio a falecer.
Salustiano, peão da fazenda, fazedor de cerca, vaqueiro, levou à criança até Rio Brilhante e entregou à senhora Antônia Nogueira, dona do de um hotel na cidade, que a acolheu.
Dona Antônia, filha de um fazendeiro do Paraná, viúva desde os 15 anos, pegou amor pela criança. Após alguns anos, o pai doou-a de papel passado para aquela que a criva como verdadeira mãe. Dona Antônia morou com a filha a vida toda, e faleceu aos 88 anos cercada de muito amor e carinho.
Jandira estudou no colégio Maria Auxiliadora e depois se formou professora, em Lins/SP. Era uma mulher inteligente, dinâmica e empreendedora. Casou-se cedo com Carlos Buytendorp e teve duas filhas que muito amava, a Márcia e a Yara. Do segundo casamento, com Benites, nasceu Samuel Ataualpa. Era espírita, acreditava em reencarnação.
Cantora, violinista e compositora escrevia as músicas num caderno. Em 1962, gravou em São Paulo com o grande maestro paraguaio Hermínio Gimenez, Mi Pena, em espanhol, em português, Minha Dor.
Escreveu composições em homenagem as cidades como: Coxim, Campo Grande e Corrientes.
Benites conheceu Jandira logo que chegou a Campo Grande, porque o grupo musical que ele integrava, hospedou-se num hotel entra as ruas Dom Aquino e Cândido Mariano, cujo donos eram paraguaios.
O proprietário do hotel apresentou Jandira, que era dono de uma boate Caravelle. Na época estavam terminando o contrato dos grandes músicos que se apresentavam na casa: maestro Pedroca (acordeonista); Lalo (pianista); Javer (pistonista); e Agápito Ribeiro (saxofonista). Jandira procurava justamente músicos que incluíssem no repertório ritmos sul-mato-grossenses da fronteira: chamamé, guarânia, polca e rasqueado. Tocaram por uma hora e agradaram em cheio. Foram contratados por mais oito meses ao fim dos quais começou a observar que ele e Jandira já tinham um olhar diferente um para o outro. Quando venceu o contrato, Jandira perguntou se ele queria ficar com ela e Benites respondeu que sim. Foi assim que nasceu a dupla Jandira e Benites.
Nos anos 60, os restaurantes de Campo Grande não apresentavam música ao vivo. Cantavam às vezes para os amigos, no restaurante Braseiro, do general Bacchi, que, devido o sucesso que faziam, resolveu os contratar. Aceitaram formar um grupo para cantar no restaurante, tocando de mesa em mesa noite adentro. A moda pegou e lá permaneceram por vários anos.
Tempos depois, Jandira e Benites, inauguraram o restaurante La Carreta. Compraram o ponto de dona Maria Edwirges, proprietária de uma lanchonete que funcionava na rua Calógeras, esquina com a rua Barão do Rio Branco.
Abriram também a Lavanderia Sol, que funcionou por 15 anos, na Rua Rui Barbosa, com apoio do amigo Cantero.
Trabalhavam para sobreviver. De dia na lavanderia e de noite no restaurante, sem descanso.
Criaram um espaço para músicos, trouxeram músicos correntinos. Para a noite do chamamé, com grandes bandeonistas, traziam os Violinos Mágicos do Rio de Janeiro, um grupo de violinista vestidos de zíngaro, que tocavam a luz de velas e causavam grande sensação. Recebiam também o som dos Andes, dos grupos peruanos e bolivianos que vinham enriquecer as noites, além de músicos e bailarinos paraguaios de Assunção. Era uma casa de muita alegria e cultura musical, que estava sempre lotada.
Convidavam músicos como Zacarias Mourão, que tinha um selo, uma gravadora, em São Paulo que abria as portas para os artistas sul-mato-grossenses.
Em 1982, transferem o La Carreta para um grupo de empresários do Rio Grande do Sul. Passaram então a cantar nos restaurantes de Campo Grande como o Vitório’s e o Ponteio, aumentando a clientela que os aplaudia com entusiasmo. Dessa forma implantaram a era da música ao vivo nos restaurantes do estado.
A dupla Jandira e Benites sempre homenagearam e cantaram Mato Grosso do Sul. São sul-mato-grossenses e faziam várias músicas brasileiras em português, além de compor em espanhol e guarani.
A primeira gravação foi graças a Zé Correa, que os incluiu no seu disco “O Inimitável”. Participaram com quatro músicas, dentre as quais "Serenata de Amor Para Você" e "Mensaje de Amor". Depois os apresentou ao Mário Vieira, da Califórnia, que os deu várias oportunidades. O segundo disco que gravaram foi o LP "Céu na Noite Luna", com música El Mensu. Em 1973 gravaram o LP "La Carreta" e em 1974, o último disco "Estampas Mato-grossenses - Boas Festas". Foi um presente de natal que ofereceram aos seus amigos e fãs. Traz Chalana, composições para as cidades sul-mato-grossenses e também músicas do Capitão Furtado.
Em 1979, Jandira formou dupla com Jurema, com quem gravou 3 LPs.
Jandira faleceu em 1994, em conseqüência de um câncer generalizado. Benites faleceu em 17 de maio de 2015 em Campo Grande/MS. |