Ivan Vilela Pinto nasceu em Itajubá, no estado de Minas Gerais, no dia 28 de agosto de 1962. É o caçula de uma família de 11 filhos e, ainda garoto, ganhou de seu pai um violão, que foi seu primeiro instrumento musical. Começou a compor aos 11 anos de idade.
Iniciou sua carreira musical aos 17 anos, no Grupo "Pedra" e depois no Grupo "Água Doce", conjuntos que pesquisavam as raízes da música do Sul de Minas.
Em 1984, Ivan formou um duo de voz e violão com a cantora Pricila Stephan (Ivan e Pricila), desenvolvendo um trabalho visando a resgatar o lirismo das canções mineiras. Parte desse trabalho foi gravada no LP "Hortelã" em 1985.
Cursou Faculdade de História em Campinas/SP na UNICAMP. Mas, como a música falou mais alto, ingressou em 1989 no curso de Composição da UNICAMP.
Durante o estudo universitário, Ivan Vilela participou de diversos seminários de Musicologia, Música Contemporânea e Música Brasileira. Teve como professores de Violão Clássico Éverton Gloeden, Paulo Bellinati e Ulisses Rocha. Ivan também foi aluno do professor e compositor erudito brasileiro contemporâneo José Antônio Rezende de Almeida Prado.
Bacharel e Mestre em composição, no seu Mestrado, Ivan Vilela trabalhou com a fusão de linguagens musicais aparentemente distintas, tendo composto inclusive a "Ópera Caipira" - "Cheiro de Mato e de Chão" sobre libreto de Jehovah Amaral, poeta regionalista de Capivari/SP.
Em 1991, na UNICAMP, Ivan formou o trio de câmara "Trem de Corda" (atualmente formado por Ivan Vilela (violão e viola), Esdras Rodrigues Silva (violino) e Lara Ziggiatti (violoncelo)), trio esse que une a música erudita à música popular e que possui um repertório calcado na MPB, em especial no chorinho, com intervenções de música barroca. O "Trem de Corda" faz uma verdadeira ponte entre os conceitos musicais erudito e popular, com repertório composto de chorinhos da Velha Guarda" (Pixinguinha, Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga, entre outros) e também compositores contemporâneos, sempre valorizando o potencial individual de cada instrumento e seu respectivo executante.
Também integrante do "Trem de Corda" (em sua formação inicial), o violinista José Eduardo Gramani selou uma amizade duradoura com Ivan e juntos se estimularam a conhecer cada um o universo musical do outro. Ivan enveredou pela música erudita e José Eduardo se aventurou, através das cordas da rabeca ao universo da música popular.
Destaque para o CD "Trilhas" lançado em 1994, que teve duas indicações para o Prêmio Sharp em 1994 e 1995, na categoria "Revelação Instrumental".
De 1992 a 1999, Ivan atuou como arranjador e instrumentista do grupo Anima, atendendo ao convite de José Eduardo Gramani. O grupo Anima possuía um repertório composto por música medieval e renascentista.
Ivan recebeu com surpresa o convite, já que não tinha nada em comum com o trabalho do grupo. Levou ao grupo Anima um pouco das pesquisas que trazia na viola e ficou até 1993. Mas o grupo resolveu fazer a fusão da música folclórica com a música medieval e novamente convidou Ivan, já que ele era a pessoa certa para fazer a ponte entre os dois universos.
Desde então o grupo Anima vem unindo o erudito e o popular, o medieval e o folclórico. Tendo gravado o CD "Espiral do Tempo" em 1998, o mesmo recebeu o prêmio Movimento (1997/1998), como Melhor Disco Instrumental, além do prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte), em 1998.
E o mesmo grupo também gravou em 1999 o CD "Além-Mar", com composições recolhidas desde a época do Descobrimento do Brasil. E foi em 1995, que Ivan Vilela assumiu a viola caipira como instrumento solista. Desde então tem proporcionado o trânsito da viola caipira também para outros segmentos musicais. Em 1998, Ivan recebeu indicação para o Prêmio Sharp 1998/1999 na categoria Revelação Instrumental, pelo CD "Paisagens", trabalho instrumental que tem como base o tradicional instrumento musical caipira.
Também em 1995, Ivan ministrou o curso "Descobrindo Garoto", no SESC São José do Rio Preto/SP buscando resgatar a obra de Anibal Augusto Sardinha (20/06/1915 - 03/05/1955), conhecido também como Garoto, um dos maiores compositores e violonistas da MPB, autor de "Gente Humilde", "Gracioso", "Duas Contas" e "Choro Triste", entre muitas outras preciosidades. Também em 1995, lecionou o curso "Viola Caipira - Um Resgate", através do Prêmio Estímulo da Secretaria de Cultura de Campinas/SP.
Um dos trabalhos do qual Ivan se orgulha é a "Musicalização de Crianças", trabalho esse realizado a partir da construção de instrumentos musicais empregando sucata e também da coleta do Folclore Infantil local. Esse trabalho foi realizado em Bauru/SP, Taubaté/SP e Carmo da Mata/MG.
Ao longo de sua carreira musical Ivan Vilela pesquisou inúmeras festas de Folia de Reis, Congadas, Caiapós, Batuques, Catopés, Vilões, Catiras, Marujadas e Moçambiques no Sul de Minas, Vale do Jequitinhonha e também no Norte de Minas. De 1987 à 1994, Ivan pesquisou junto com o antropólogo Carlos Rodrigues Brandão, manifestações da Cultura Popular das Minas Gerais. Viajaram à região do Urucuia, Rio São Francisco e Vale do Jequitinhonha, onde percorreram inclusive as trilhas narradas por João Guimarães Rosa, autor de "Grande Sertão Veredas".
Profissionalmente, além da composição e interpretação, Ivan Vilela trabalha como Professor Universitário e ministra cursos e seminários sobre Cultura Popular Brasileira, Harmonia Modal, Estética e História da MPB e Viola Caipira, em Campinas/SP e região. Também é colaborador de revistas de música como a Guitar Player.
Também tem participado como jurado em diversos festivais de música nos estados de Minas Gerais e São Paulo. Já se apresentou também em diversos programas de TV, como "Terra da Gente" (na Globo), "Metrópolis", "Repórter Eco", "Viola minha Viola", e na série "Violeiros do Brasil", (esses quatro na TV Cultura de São Paulo), além de programas especiais na TV Minas, TV Alterosa e Canal Rural.
Entre suas composições, constam peças instrumentais, trilhas sonoras para filmes e peças teatrais, além da "Ópera Caipira" "Cheiro de Mato e de Chão".
Ivan Vilela optou por uma "instrumentação mista", combinando os instrumentos tradicionais da Orquestra Sinfônica com instrumentos encontrados nas festas populares, formando assim uma "Orquestra Caipira".
Ivan inseriu também citações de clássicos caipiras famosos para cada gênero visitado e "Tristezas do Jeca" foi por ele escolhida como tema reincidente em grande parte da narrativa musical.
A Ópera Caipira de Ivan Vilela, composta de dois atos, trata de estórias de amores e contendas entre colonos e senhores, carreiros e berranteiros que cruzam o arraial contando suas histórias, uma feira com vendedores de frutas, salgados e ervas medicinais, um mascate turco que anima uma festa e a ópera também recria tradicionais manifestações populares, tais como Procissão, Desafio de Cururu, Folias do Divino, Festas Juninas.
Ao final da Ópera, todos cantam e dançam a quadrilha ao redor da fogueira, em louvor a São João.
Além de músico, Ivan Vilela é também professor da Escola de Comunicação e Artes da USP, onde leciona História da Música Popular, Viola Brasileira, Rítmica e Percepção Musical. E, no rádio, ele também apresentou, por algum tempo, na Rádio Cultura FM de São Paulo (103,3 MHz), o Programa "Música Fora dos Cânones", o qual buscava mostrar a riqueza presente na música que, por alguma razão, nos passou despercebida. Eram músicas, músicos e movimentos musicais que deixaram marcas e seguidores sem, no entanto, terem recebido o merecido reconhecimento. Esse programa ia ao ar às sextas-feiras, às 11 horas de manhã, nos 103,3 MHz, e era apresentado pelo Ivan Vilela e produzido por Ralf Schwarz. |