Gedeão Nogueira nasceu no dia 16 de abril de 1945 em Limeira, no estado de São Paulo. Carregando no sangue desde menino a cultura caipira, conheceu com apenas 6 anos de idade a dança da catira, pela qual se apaixonou, dançando junto com os adultos. Gedeão dançou bastante catira na região de Piracicaba/SP antes de se tornar violeiro.
Em 1985 Gedeão seguiu para a capital paulista onde trabalhou como artesão, consertando e reformando instrumentos musicais de corda.
Como artesão, Gedeão trabalhava próximo ao Café dos Artistas, na Praça Júlio de Mesquita, local que era um reduto de boêmios, onde se podia encontrar violeiros, compositores e cantadores que ali se reuniam para trocar idéias, vender instrumentos musicais, compor novas letras e músicas ou mesmo tomar uma cerveja e cantarolar. E foi nessa época que Gedeão conheceu diversos músicos da MPB e também da música regional, com os quais chegou mais tarde a dividir o palco, como Sérgio Reis, Téo Azevedo, Castanha e Caju, Saulo Laranjeira, Luiz Vieira, Silvio Brito e outros mais.
Foi nessa lida como artesão que Gedeão acabou gostando do som da viola caipira, do qual foi um aprendiz auto-didata, depois de afinar violas de grandes nomes como Bambico, Zé do Rancho e Tião Carreiro.
Foi no ano de 1988 que Gedeão, incentivado por seu amigo Sayo, gravou "Pau-Brasil", pela gravadora Tocantins, o seu primeiro LP, com solos de viola caipira. A faixa-título "Pau-Brasil", de sua autoria, chegou a ser o tema da abertura do Programa Viola Minha Viola na TV Cultura de São Paulo, apresentado por Inezita Barroso.
E, como solista de viola, Gedeão se apresentou em recitais e também em programas de TV como o Som Brasil (na Rede Globo) e o Viola Minha Viola (na TV Cultura de São Paulo). Gedeão também chegou a coordenar, nessa época, a antiga Orquestra de Violeiros de São Paulo.
Gedeão também foi convidado a se apresentar em Brasília/DF, para representar o estado de São Paulo, em 1988, na gravação do programa de TV intitulado "Violeiros do Brasil", ao lado de Almir Sater, Tião do Carro, Zé Garoto, Roberto Correa, Zé Mulato e Cassiano e Renato Andrade. No entanto, devido a problemas de saúde, Gedeão acabou sendo substituído pelo Tião Carreiro nesse programa.
Em 1992, Gedeão trocou a capital paulista pelo interior do estado, passando a residir em Barretos, a convite do amigo Rose Abraão, que era considerado o "Pai dos Violeiros" e que foi também o criador do "Festival Violeira", considerado o maior Festival de Viola do país, que acontece até os dias de hoje, anualmente, durante a Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos.
Em 1996, no entanto, faleceu o amigo Rose Abraão. Vendo-se sem mercado e sem público para a música instrumental, Gedeão decide soltar sua voz e cantar, juntando então a qualidade de sua viola com a afinação de voz de João Pedro, que era seu colega de Reisados e Cantorias. Estava formada a dupla "Gedeão da Viola e Sidney", nome artístico que João Pedro já vinha usando e que viria a trazer bastante sorte nos festivais.
No mesmo ano, "Gedeão da Viola e Sidney" conquistaram o primeiro lugar no Festival Violeira Rose Abraão de Barretos, com a música "Mala de Lembranças" e, no mesmo evento, também foram agraciados com o segundo lugar com a toada "Boiadeiro Sem Boiada". Em 1997, a dupla novamente se consagraria campeã com a moda "Ponte de Safena", o que firmou Gedeão e Sidney como uma das maiores sensações dos diversos festivais regionais, ganhando prêmios diversos em praticamente todas as competições das quais participassem.
Em 1998, no entanto, a dupla com Sidney se desfez e Gedeão formou uma nova dupla na qual seu filho Fabiano fazia a voz e o violão. No mesmo ano, "Gedeão da Viola e Fabiano" foram agraciados com o primeiro lugar com "Amiga Inseparável" (Gedeão da Viola), uma bela homenagem à viola caipira.
Em 1999, "Gedeão da Viola e Fabiano" ficaram com o quarto lugar no Festival Violeira Rose Abraão, com a música "O Gostoso da Vida".
No ano seguinte, a convite da organização, Gedeão atuou como "garoto-propaganda" do Festival Violeira Rose Abraão, tendo incentivado novas duplas e violeiros de todo o Brasil a participarem do concurso. E, no mesmo ano de 2000, Gedeão gravou seu segundo disco de carreira, que foi o CD "Toque Aranhado", em solos de viola caipira, tendo sido seu primeiro disco lançado originalmente nesse formato. Téo Azevedo participou desse CD na faixa "Versos de Barretos".
Gedeão também passou a ministrar aulas particulares de viola caipira e violão, além de também ensinar a tradicional dança do catira para crianças e jovens carentes da periferia de Barretos, um belíssimo trabalho com forte cunho social, que também ajudou a resgatar as raízes do folclore brasileiro.
Ao final do ano 2000, Gedeão da Viola, formou novamente a dupla com João Pedro (de nome artístico Sidney) e a dupla voltou a participar dos diversos festivais de violeiros, festas de rodeio e programas de TV. Nessa época eles iniciaram o preparo do primeiro CD da dupla, com composições inéditas, a maioria das quais campeãs do Festival da Violeira Rose Abraão de Barretos. O parceiro Sidney, por sinal, é considerado o maior vencedor do concurso, com 14 premiações, tendo conquistado 3 primeiros lugares com Gedeão da Viola, além de outros 3 concursos com outros parceiros.
Um novo primeiro lugar foi conquistado pela dupla na edição de 2001 do Festival Violeira Rose Abraão, dessa vez com "Caboclo Centenário", uma música ponteada de nostalgia, com boiadeiros e boiadas caminhando pelas cordas da viola caipira.
Somente em agosto de 2002 é que foi lançado o CD "Gedeão da Viola e João Pedro - Vol. 01", pela gravadora RB Music de São Paulo, ocasião na qual Sidney voltou a utilizar seu nome de batismo.
Gedeão da Viola faleceu na manhã de 27 de julho de 2005, em Barretos/SP, vítima de insuficiência cardíaca.
Texto: Sandra Cristina Peripato